Façamos a diferença!



Façamos a diferença!
Para iniciar essa palestra irei contar uma pequena história. Ao chegar para trabalhar (no CESEC Professor Hiram de Carvalho – uma escola para jovens e adultos – EJA Semipresencial), vi um aluno subindo com alguns objetos; objetos esses que pediram-lhe para guardar no depósito, e quando me viu, pediu para levar um desses objetos para a sala de aula. O objeto era um gabinete de computador, pois gostaria de ter uma aula diferente. - Como assim uma aula diferente? Perguntei-lhe. Ele respondeu: - Ora, é simples, eu levo esse PC para a sala de aula e peço ao professor para juntos abri-lo e ver como as coisas funcionam aí dentro, depois a gente fecha, dá uma limpadinha nele e guarda, isso para mim já é uma aula diferente (aluno simples, sem muitas informações e recursos, mas ansioso por algo diferente, algo que o inspire e motive a ir além). Então fiquei impressionado com o desejo do aluno por algo novo. Tomei a liberdade de convocar os professores, demais servidores e também os alunos presentes naquele período da escola para uma conversa. E assim, iniciei a minha palestra.
Referi-me inicialmente aos professores. - Caros colegas vejam que importância cada um exerce na vida de seus alunos. Percebam o quanto eles anseiam por algo diferente. O quanto eles buscam em cada um, aquilo que de melhor você pode oferecer, que é o conhecimento que advém de sua disciplina.
Como dizia Paulo Freire: “Não existe saber mais ou saber menos, existem saberes diferentes”. Então caríssimos professores façam a diferença; se motivem, busquem ferramentas e metodologias que possam lhe auxiliar ajudando-o a fazer o melhor para seu aluno. Trabalhem em grupo, preparem-se, façam uso das tecnologias, que estão ao seu redor.  Insiram seus alunos no processo de ensino-aprendizagem; valorizem seus conhecimentos prévios, leve-os a tomar decisões e confronte-os com as consequências dessas decisões. Saibam que dinheiro nenhum pagará a gratidão de seus alunos, por aquilo que lhe ensinou e que o transformou como cidadão frente à vida, ao mercado de trabalho, etc.
Certa vez, ao andar pela rua, ouvi alguém a gritar do outro lado, até assustei, mas era alguém falando: - Ô professor Fernando, espere aí. - O que foi? Perguntei-lhe. Aí ele respondeu: - é que tempos atrás (em 2002 mais ou menos), o senhor foi meu professor, e não esqueço até hoje de seus ensinamentos e conselhos. Hoje já estou cursando faculdade, casei, estou trabalhando e estou muito feliz. Queria lhe agradecer por tudo. Olha pessoal, quer recompensa maior que essa? Que preço tem isso? É preciso se lançar ao novo, tomar novo curso, fazer diferente, de outra maneira, para que o resultado seja o melhor possível.
Caro professor seja humilde em pedir e aceitar ajuda dos outros, do seu colega de trabalho. Veja só, o palestrante que agora lhes fala tem especialização em duas áreas: em ciências físicas e biológicas e em matemática. Não gosto de português (tenho muitas dificuldades com as regras), porém, adoro escrever textos, tenho ótimas ideias, mas nas regras de concordância e acentuação sou um fracasso, então, não exito em pedir ajuda a um colega da área de português (Mariléia, Christiane, Juliana e Rosiane que o digam). Procedo assim: coloco as ideias no papel e vou digitando, quando termino, imprimo e peço para uma delas corrigir, vou lá no computador e faço as alterações, acrescentando algo mais, imprimo novamente e peço para outra corrigir , e assim por diante, até ficar  pronto.
Conto mais uma de minhas façanhas: como pode alguém que não domina português, não entende nada de jornalismo se atrever a escrever/montar um jornal. Pois bem, com o desejo de sempre fazer a diferença, lancei-me nesse projeto. Com empenho e dedicação consegui mais uma vitória. Sabe por que digo isso, porque não podemos ficar parados, inertes, vendo as coisas acontecerem e ficar só reclamando, é preciso mover-se e querer ir além.
É preciso parar de reclamar, nós somos verdadeiros campeões. Pois vencemos todas as dificuldades da profissão e fazemos com que muitos vençam na vida, através de nossos ensinamentos. Nossa classe de professores fica a vida inteira reclamando do salário, da carga horária, etc. Tudo isso é desculpa para não querer fazer a diferença. Olha pessoal, quando aceitamos o cargo de professor, sabíamos do salário oferecido, das dificuldades da profissão e da carga horária a ser cumprida, então, pare de reclamar. Olhe que, às vezes deveríamos reclamar menos e agradecer mais, pois mesmo sendo pouco o nosso vencimento, é com ele que fazemos o sustento de nossa família. Muitos às vezes reclamam mesmo não sendo merecedores por tal reclamação, pois talvez não cumpre com o dever primordial que é fazer o que nos é de obrigação, cumprindo com o horário pelo o qual você foi designado. Aí me vem outra colocação que muitos fazem: achar que a outra pessoa ganha mais do que eu (às vezes sem ser merecedor), dizendo, por exemplo: os políticos, juízes, jogadores de futebol, etc.
Meus amados professores parem com isso, se vocês acham que o salário do outro é melhor, que o cargo do outro é mais importante, então mova-se, estude, faça concursos e alcance novos caminhos, mas, não viva se desgastando, só pensando no que o outro faz.  Não deixemos de dar o melhor de nós, por causa de pensarmos que o salário é pouco e que a vida do outro é melhor que a nossa, nossos alunos não estão preocupados com isso, eles não vêm à escola para ouvir lamentações, reclamações, etc. Eles vêm porque acreditam no nosso potencial de ensiná-los, de levá-los a fazer diferença na vida e no meio onde estão inseridos. E, olha, quando o professor faz a diferença, o aluno se encanta, e isso é motivo de agradecimento para todo o sempre. Quem de vocês já teve um professor (a) do (a) qual se lembra até hoje? Então, se você se lembra até hoje, é porque com certeza ele (a) lhe ensinou algo a mais do que conteúdos, ele (a) realmente fez a diferença em sua vida.
Prezados professores, vivam hoje pelos seus alunos e pelos seus ideais. A nossa profissão é digna do mais alto reconhecimento, e que este não seja o salário, mas seja a de que, esteja onde estiver, e, mesmo que seja o cidadão mais importante que exista, ele (o aluno) passou pela vida de um professor (a), e tenha a certeza de que não é o salário monstruoso que recebe que o faz importante ou feliz e sim, os ensinamentos e conhecimentos que adquiriu ao longo de sua vida escolar, desde a tia do prezinho ao orientador de suas especializações.
Queridos professores, precisamos ainda ter uma classe mais unida, pois, como disse antes, não basta-nos ficar reclamando de salários, é preciso tomar consciência de nossa importância e da força que temos como formadores de opinião. Para exemplificar essa fala quero usar as palavras de um amigo e professor (que prefiro chamar de mestre), Prof. Eliziar. Certa vez, conversando no intervalo do recreio, ele me disse: - Fernando, é inaceitável, nós professores (aí eu digo referindo a todos os profissionais da educação), quer seja na esfera municipal ou estadual. Não termos representantes de fato, da nossa categoria, seja na câmara ou na assembleia, pois, poderíamos ser fortes e termos força perante aos governos, para brigar pelos nossos direitos; engloba-se nesse contexto: melhores condições de trabalho, valorização do salário, etc. Pensemos aqui em Manhuaçu, onde temos mais ou menos 40 000 (quarenta mil) votos válidos, foram eleitos 15 (quinze) vereadores e, dentre eles 7 (sete) com menos de 800 (oitocentos) votos. Aí eu pergunto: - quantos representantes de nossa classe poderíamos eleger? Consideremos que desse total de votos válidos, com certeza pelos ou menos 5 000 (cinco mil) são de servidores da educação, sejam ativos ou inativos, inclua-se aí ainda, os familiares de cada servidor, que com um pouco de articulação, tornariam nossos aliados. Vejamos agora no âmbito estadual, onde se têm um eleitorado de 10 300 000 (dez milhões e trezentos mil) votos válidos, foram eleitos 77 (setenta e sete) deputados, sendo que 16 (dezesseis) desses foram eleitos com cerca de 50 000 (cinquenta mil) votos. Nessa situação, certamente entre ativos e inativos, temos mais ou menos 600 000 (seiscentos mil) eleitores da área da educação. Incluindo nesse total, através de uma boa articulação todos os familiares, teríamos um número considerado de aliados.
Então, como disse o amigo Eliziar, para alcançarmos sucesso e valorização profissional em nossa classe, é fundamental que haja uma interação/integração/união entre todos, pois sabe-se que, somente com essa organização as conquistas se tornarão uma realidade.
Aí galera, façamos primeiro a nossa parte, cumpramos com nossas obrigações profissionais, pois, qualquer reclamação ou questionamento só pode ser justificado, quando se está em dia com seus deveres e obrigações.
Sejamos gratos pela nossa profissão, reconheçamos nosso valor, perante a sociedade.  Queiramos viver a nossa vida ao invés de viver a vida do outro. Não pensemos que a vida do outro deveria ser a nossa. Acreditemos que nossa vida é a melhor, que colheremos frutos melhores no amanhã, não pensemos somente no fruto chamado “dinheiro”, pensemos no fruto chamado “gratidão” que virá dos cidadãos que com certeza, produziremos para a sociedade. Saibamos que o maior dos mestres, nos deixou todos os seus ensinamentos de forma gratuita. Pensemos nisso e façamos a diferença.

Autor: Prof. Fernando Jerri de Oliveira.

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